segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tempo errado












Às vezes eu fico me perguntando:
Será que eu nasci na década certa?
Será que esse tempo meu era para ser meu realmente?
Ou será que o meu tempo já se foi ou nem foi existente?

Estas questões são dores ressoando na minha cabeça
Porque a dúvida que eu vivo é ausente de certezas
Certezas que me mostrariam o lado bom de viver
As coisas de uma juventude rebelde que não tinha o que temer.

Ah meu Deus! Como eu um dia queria um dia ter visto
As belezas de um tempo que vivia do imprevisto
Queria ter andado livre, correndo na chuva
Queria ter conhecido Fred Mercury, Cazuza.

Eu queria ter visto a censura dos programas contundentes
Queria ter visto a queda do presidente
Queria ter saído às ruas com a cara pintada
Queria cantar com meus colegas “o tempo não para”

Quem me dera ao menos uma vez
Vivenciar no tempo do rock a insensatez
Conhecer o poder da música em meio à multidão
Ter contemplado o saudoso Renato e a Legião

Queria ter visto o Médici todo tirano e autoritário
Essas merdas de militares, todos esses otários
Queria ter visto Ascensão do Tancredo
Depois com sua morte ver o povo dominado pelo medo.

Queria ter sido uma metamorfose ambulante
E dizer que minhas opiniões são irrelevantes
Experimentar as coisas do tempo do baú
Vivendo as desgraças da vida e curtindo o Raul

Sem dúvida nasci em tempos errados
Pois esse tempo não é meu e não quero estar equivocado
A princípio vou viver aquilo que o tempo de hoje tem a oferecer
Vou viver as premissas de um tempo que irá me esvanecer.

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