SIMONE

Madrugada fria no verão
Silêncio no quarto e escuridão
Sem luz ou esperança
Apenas as lágrimas das crianças

Está é Simone mãe preocupada
Que está com seus filhos desacreditada
Não por serem maus ou delinqüentes
Mas por vê-los com fome e doentes.

E a madrugada continua fria
Madrugada de choros e barriga vazia
No desespero Simone cai em prantos
Por ver suas crianças com fome nos cantos

Se o marido aqui estivesse, a dor seria pequena
Mas não poderá estar, até que cumpra sua pena
Uma sentença de roubo movida pelo desespero
No coração de um pai que guardo um segredo

E Simone está perdida no descaso
Trancada em sua casa de tijolos e barro
Esperando o amanhecer de uma vida melhor
Nas trouxas de roupa, o reflexo do suor

Este foi um ano que se perdeu
Um ano onde a alegria se escondeu
Orando as crianças a Mãe do Céu
Em um ano sem Páscoa ou Papai Noel

Mas Simone tem garra e vontade
Luta sempre cheia de coragem
Para que possa ver os filhos crescerem
E na vida cruel sobreviverem

Não há luxo, comida, cobertores
Só a face da morte e seus horrores
E a caçula faminta, pede a mãe alimento
E Simone sem ter, pede a Deus alento.
O sofrimento parece infinito
E Simone para de acreditar no dia bonito
Que viria após a tempestade
Com o arco-íris e suas falsas verdades

O que fazer em meio à miséria
Simone angustiada vê que é coisa séria
E por alguns instantes houve uma mansidão
E Simone encontra sua solução

Crianças na sala e Simone no banheiro
Encontra a solução de foco certeiro
Em meio à dor e sofrimento
Com uma lâmina de barbear põe um fim a esse sentimento

Silêncio na casa e sangue no chão
Fim da tristeza com a lâmina na mão
Simone acaba com os males que por lá andam
Deitada no chão, seus pulsos sangram.

E assim é o fim de uma história
Onde Simone se foi e ficou na memória
E suas crianças por outros são levados
E com dor em suas almas parecem conformados

Sempre que em nós a dor doer
Sempre que o desespero bater
Lembraremos-nos da vida de Simone
E descobrimos onde o vazio se esconde